segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ornatos de Arthemesia Cap.IV


A noite por fim chegara, esvoacei pelos caminhos de pedra descalçada, cujas casas laterais estavam em ruínas e os telhados velhos gotejavam do pavor à tempestade.Orientei-me, a concentração era crucial para conseguir encontrá-la, a fragrância dos seus cabelos está ténue, quase que imperceptível, parei.Pousei-me num beiral de parapeito, era alto permitia-me obter uma visão abrangente da cidadezinha, a brisa quente aborrecia-me , a sua passagem neutralizava os aromas que tentava identificar.Profundamente, inspirei com intenção, tal situação impeçava a torna-se enfadonha.
Algo em mim denotou, quiçá um alarme, o meu coração encetou um bater acelerado e lívido, as minhas veias contraíram fazendo pulsar o fluxo sanguíneo com uma velocidade inatingível.
-Encontrei-te. -pensei para mim mesmo, tal 'imprint' significava o óbvio, a rapariga estava por perto, dentro dos meus alcances.
Iniciei o meu voo, desta vez, veloz como a luz no vazio, segui mecânicamente o aroma adocicado dos seus cabelos, subi uma rua estreita com pequenas casitas de madeira.Tal zona era inabitável, parecera-me a mim inóspita, porém os humanos têm diferentes formas de explorar as vertentes.Pobres criaturas, as suas lastimáveis emoções aprisionam-nos em subterfúgios metálicos, onde engaiolados, as presas, sofrem e pedem perdão pelos lapsos cometidos frequentemente.
Não passam de algo com uma natureza demasiado fraca.
Fraca demais.
Aquando a subia, verifiquei uma casa fora do usual.Parecia agradável em tons pastel, predominantemente um cor-de-rosa pastel velho, cujas paredes estavam cobertas por heras verde floresta, enegrecidas pelo negrume do eclipse lunares.Um jardim espectral rodeava o seu perímetro, muitas árvores, muitas flores, arbustos e plantas herbáceas.Janelas colossais destinguiam-na, os vidros polidos reflectiam um ligeiro tom de violeta de um quarto situado no último andar, onde havia uma varanda simples e sóbria.Aproximei-me com alerta, cessei movimento no jardim.Olhei em redor, subitamente vi artemísias, plantas herbáceas silvestres incrivelmente raras, tons fushia e magenta coloriam as pétalas alvas e despigmentadas nas extremidades.
J.C

Sem comentários:

Enviar um comentário