sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ornatos de Arthemesia Cap.IV.




Que cobardia, o meu corpo constraiu-se , por sinal, gelara da crudelidade dos meus actos.Os quadros impressionaram-me , as pinturas campestres pejadas de vivacidade, de boas energias, de paixão.Tudo findara para a rapariga.
As emoções não me impressionavam de todo, o mu intuito não cambiara.A questão era a seguinte, na luta do mais forte, os mais fracos têm que ser erradicados, visto que, a espécime fraca não deve permanecer intacta como Deus imortalizados em legados erróneos, ilusórios.A meu ver o real deve ser contornado por cores de ceras vivas como o nascer da manhã, e a perda, a derrota, devem ser sublinhadas para sempre, como, irrecuperáveis e inapagáveis defeitos humanos, ligeiros lapsos parvos lamentados e inesquecíveis.
Assim deveria ser, as guerras e batalhas perdidas têm que ser recordadas e vividas, aceites pela Humanidade, não há manobra para deslizes, para pacóvias sensações de felicidade, efémeras, escassas como a evaporação das gotas de orvalho matinais, que saboreiam meros minutos de felicidade ao estarem livres, sendo a liberdade uma percepção limitada da realidade, a liberdade não existe, a manipulação vence a capacidade do homem achar-se disperso e irresponsável.
Nada é assim, nada.
Estava escuro nos confins do seu sepulcro, Arthemesia dormir profundamente, por vezes murmurava vocábulos imperceptíveis, fugiam dos seus refúgios, tentavam alcançar a superfície, desmoronar longe da banalidade da fraqueza.Olhei-a novamente, estudei a expressão serena, que por vezes cambiava, principalmente quando as sobrancelhas arqueavam sem nexo em redor dos enormes olhos amendoados.
Sobretudo quando o fez, senti calafrios, estava irascível, fervilhava de vontade de arrancar-lhe o sopro da vida, que esta desenhava com uma respiração neutra, forçosa.Como queria destruí-la, não por detestá-la, mas por vê-la como um limite, um obstáculo defronte a minha completa criação, a completude.Sôfrego ergui-me sobre as lápides laterais da cama, encostei-lhe a mão fria na testa fervente de Arthemesia, a fonte vital era palpável, fechei os olhos, que trance , que absoluta sensação de poder.Nada se podia comparar, à quente luz jovem da rapariga, as cadência das orlas douradas perpetuantes subjugadas num corpo intrépido.




-Adeus.








J.C

Sem comentários:

Enviar um comentário